Dengue em Unaí: muita larva e alto risco

Por: Ricardo Ribas

A Secretaria Municipal de Saúde realizou, entre os dias 6 e 17 de janeiro, o Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegipty em toda a cidade. O LIRAa é um método para obtenção do índice de infestação larvária do mosquito transmissor da dengue, baseado em amostras de alguns domicílios colhidas em cada bairro. O resultado foi “assustador”, segundo a coordenação de epidemiologia da Secretaria de Saúde. Para se ter uma ideia, o índice de infestação aceitável preconizado pelo Ministério da Saúde não pode passar de 1% nos extratos pesquisados. A cidade de Unaí é dividida em quatro extratos: o resultado foi acima de 9% em todos os extratos pesquisados, indicando a situação do município como de alto risco.

No extrato 1, foram trabalhados 452 imóveis, com índice de infestação de 9,2%. A pequisa foi feita nos seguintes bairros: Park Canabrava, Primavera, Primavera 5, Primavera 4, Vale Verde, Canabrava, Novo Jardim, Nossa Senhora Aparecida, Dom Bosco, Floresta, Serenata, Sagarana, Santa Luzia, Vila São Sebastião, Jardim, Nova Divineia, Bela Vista, Divineia, Vila Militar, Águas Claras).

No extrato 2, o índice de infestação foi de 11,9%, com levantamentos feitos em 462 imóveis, nos bairros Politécnica, Cachoeira, Loteamento Rio Preto, Itapuã, Capim Branco, Jacilândia, Centro, Nossa Senhora do Carmo, Cruzeiro, Barroca, Capim Branco 2, Vila do Sol, Capim Branco 3.

No extrato 3, foram 278 imóveis pesquisados, com índice de infestação de 9,6%. Foram pesquisados imóveis nos bairros De Lourdes, Canaã, Novo Horizonte, Sagrada Família, Iuna, Cidade Nova, Kamayurá, Riviera Park, Vale do Amanhecer.

No extrato 4, o mais alto índice de infestação: 13,7%. O levantamento foi feito em 246 imóveis, nos bairros Amaral, Água Branca, Água Branca 2, Alvorada, Distrito Industrial, Terra Nova, Mamoeiro, Santa Clara.

Susto e indignação

“Tem anos que eu trabalho com dengue em Unaí e nunca vi números tão altos no LIRAa”, queixa-se Adriane Araújo, coordenadora de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde. Ela se diz indignada, porque um resultado tão ruim é revelado menos de um mês após a Prefeitura ter feito um grande mutirão de limpeza que percorreu todos os bairros da cidade.

O grande mutirão de limpeza, que terminou dia 13 de dezembro, passou por 22.352 casas da cidade. Foram gastos no mutirão 12.350 sacos grandes de lixo, cuja carga foi transportada por 52 viagens de caminhões cheios.

“As pessoas não fazem a parte delas”, lastima Adriane, lembrando que menos de um mês depois um excesso de larvas foi encontrado nas casas por onde o mutirão havia passado. Ela interpreta como “desleixo e negligência” da população, que não faz a parte que lhe cabe na prevenção e combate ao mosquito da dengue. “Parece que as pessoas perderam o medo, relaxaram”, diz a coordenadora.

Em 2019, a Secretaria de Saúde de Unaí registrou 8.119 casos notificados (entre suspeitos, positivos e negativos) e três mortes decorrentes de complicações da dengue. Nesses primeiros dias de janeiro, Unaí já notificou 139 casos, até o início da tarde desta segunda (20/1).

O receio de Adriane, e que pode explicar o relaxamento da população, é o fato de grande parte dos acometidos já terem contraído os subtipos 1 e 2 do vírus da dengue, o que deixou esse pessoal imune. Mas os outros dois subtipos, 3 e 4, já foram isolados no município, mas atingiram um número pouco significativo de pessoas. “Se esses novos subtipos entrarem em Unaí este ano, podemos ter outra epidemia”, adverte, acrescentando que a solução mais efetiva de prevenção é a participação definitiva da população, cada um cuidando de sua casa, para eliminar os criadouros do mosquito.

O Comitê Municipal de Combate à Dengue, formado por servidores dos variados setores da Prefeitura, foi acionado e terá uma reunião nesta terça, 21/1, às 16h. Durante a reunião, serão apresentados e avaliados os números do LIRAa. Depois, discutidas estratégias de ações a serem implementadas para conter um surto ou epidemia neste início de ano.

“Os primeiros resultados não são animadores, e olha que nem tivemos chuva”, resumiu a coordenadora de Epidemiologia. Segundo ela, ninguém na cidade pode alegar que não sabe como fazer para prevenir ou combater a dengue, já que o assunto já está mais do que batido.

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